O Pintar e Cantar os Reis é uma tradição associada à celebração da Epifania, do Presépio e dos Reis Magos, celebração essa que surgiu na Península Ibérica com a chegada dos monges Franciscanos a Alenquer, no século XIII. No concelho de Cadaval esta tradição perdura nas aldeias serranas de Pereiro e Avenal.
Trata-se de um culto com origens medievais, conjuga influências árabes, com cultos pagãos da época romana. A celebração pretendia ser um voto de felicidade para o novo ano, que tinha início a 6 de Janeiro no calendário romano.
O Pintar e Cantar os Reis tem sofrido várias mutações ao longo dos tempos, geralmente associadas a acontecimentos marcantes. Na sequência da implantação da República, deu-se a introdução do “M” (Magos) na Sigla “BR”, de modo a evitar conotações monárquicas. E, por exemplo, com o 25 de Abril deu-se a integração das mulheres no grupo dos cantores das sociedades, foi retirada ou dissimulada dos desenhos a estrela do oriente, com receio de conotações políticas e, a mutação mais significativa, a celebração deixa de ser privada e isolada para se transformar numa festa participada por todos os que dela queiram fazer parte.
Assim, na noite de 5 de Janeiro um grupo de populares percorre as diversas ruas e casas de cada uma das aldeias, cantando versos alusivos ao novo ano que inicia e aos proprietários das casas por onde passam. Com maior ou menor improviso, a jocosidade está sempre presente nos versos cantados aos proprietários das casas.
Paralelamente, um outro grupo – munido de lanternas ou candeias, de pincéis e latas de tintas ou mesmo usando sprays – vai pintando, nas casas, os símbolos tradicionais que não só assinalam a passagem da secular tradição por aquele local, como ainda representam votos de bom ano e de prosperidade aos respetivos habitantes.
Como manda a tradição, durante o percurso, alguns moradores abrem a porta de suas casas, ofertando os reizeiros com comida e/ou bebida, com vista a renovar forças para continuar o percurso. A comemoração termina com um almoço convívio, no dia seguinte ou no fim de semana seguinte, consoante a aldeia, organizado pelas associações locais.